Formação filosófica
Sabe-se que é
praticamente impossível uma condição filosófica definida sem antes se ter uma
noção básica do que seja o ato filosófico. A consolidação desta noção
filosófica dá-se-a através de contatos com textos filosóficos das mais variadas
épocas da historia da filosofia. Só será possível filosofar a partir de amplas
leituras e interações com a obra filosófica, ou seja, o primeiro passo para
aquele que deseja filosofar é ter entendimento claro a cerca daquilo que é
exposto pelo filósofo em suas argumentações. Significa dizer que o entendimento
interpretativo não parte do ato de concordar ou discordar. A interpretação
parte do entendimento e da analise do texto filosófico independente do senso comum.
A partir da absorção da ideia de cada obra lida pode ser feita as considerações
argumentativas em favor ou contraria ao exposto pelo filósofo em questão.
Há condições
imprescindíveis para o entendimento e interpretação de texto filosófico. É
importante analisar a época vivida pelo autor e condições sociais e política de
seu tempo, assim fica mais fácil absorver a ideia principal do filósofo,
portanto, pode se dizer que estas condições são essenciais no ato de filosofar.
Pode ressaltar-se, a
essência do texto filosófico não está na forma de sua escrita, mas na
transmissão da ideia. Poderá haver texto filosófico que apresente uma escrita
formal, mas esta condição não é regra para o entendimento do ato filosófico. A
ideia do autor é condição sine qua non para identificação de um texto filosófico.
Pode-se dizer que a
filosofia está fundamentada sobre a reflexão e observação e não sobre o
“achísmo” ou senso comum. O filósofo não produz texto para si, ou seja, a
produção de suas reflexões são objetos de análise de outros filósofos ou
daqueles que estão construindo um espírito filosófico. Entende-se que o
filósofo está em constante diálogo através de suas reflexões textuais, mas é
importante observar que nem sempre as reflexões são escritas. A reflexão é o
ato que apresenta uma problemática, isto é, só haverá problema se houver questionamento
e só haverá questionamento se houver reflexão.
A filosofia é uma
atividade com diversas linhas de reflexão, assim aquele que busca uma formação
filosófica não deverá ater-se apenas nas reflexões de um determinado filósofo.
Quando se estabelece um pensador como âncora corre se o risco de percorrer um
caminho já feito e definido, em outras palavras, ocorrerá um fanatismo
impedindo o ato da reflexão colocando assim, a filosofia em evidência
limitando-se nas suas próprias reflexões.
Quando se sabe interpretar
o autor é possível resolver problemas na produção de textos filosóficos, porque
se aprende a fazer questionamentos positivos ou negativos. Assim, o filósofo
tem autonomia para exercer a filosofia que tem uma preocupação permanente com a
estrutura do conhecimento e aperfeiçoamento intelectual dos indivíduos.
A filosofia não é a
detentora de todo conhecimento, mas é essencial em todas as áreas do
conhecimento, bem como, para a formação do ser pensante. Quando se tem o
entendimento da filosofia tem também as condições para a resolução de uma
problemática. Entendendo o problema e sua fundamentação obviamente encontrará a
solução. Para isso, faz-se necessário ter uma visão ampla do que se ler
evitando uma visão preconcebida a respeito do que se ler.
Bertoudo Matos
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