Sabe-se que o ato de
ensinar está relacionado com o verbo educar, assim pode se dizer que ensinar é
conduzir, promover a passagem de alguém de uma condição a outra, muitas vezes
esta condução é na obrigação de aprender de qualquer maneira, ou seja, ensinar
pode ser de alguma maneira um ato de
extrema violência. A filosofia sempre esteve presente na história da evolução
desde os primórdios da humanidade. Percebe-se que a filosofia é um ato mais
amplo do que ensinar, isto é, não se pode considerar o ensino da filosofia de
ser uma produtora de conceitos e uma constante instituição do conhecimento.
Quando se considera a filosofia uma passagem de um lugar a outro, o indivíduo
está proporcionando uma definição de violência para a filosofia.
A filosofia tem um papel
primordial no que diz respeito ao ensino e aprendizado de qualquer ser humano,
assim a reflexão sobre as atitudes para o aprendizado e conhecimento pode ser
chamada de filosofia. Considerar informações de qualquer natureza como o ato de
filosofar é inadmissível, o conhecimento é algo subjacente a qualquer
informação. Portanto, a instituição escolar tem o dever e a obrigação de não
permitir a banalização da filosofia, ou seja, filosofia não é uma ciência que
estuda algum seguimento científico ou ciência humana, filosofia pode ser o ato
da observação e da reflexão. A atividade livre do pensar deve está nas
instituições escolares acompanhada de filósofos para despertar a dúvida e a
reflexão daqueles que irão desenvolver o ato de pensar. Percebe-se que a
filosofia está fundamentada sobre a observação que por sua vez produz a
reflexão e a dúvida.
A filosofia não é a
detentora de todo o conhecimento, mas é fundamental para todas as áreas do
conhecimento, bem como, para a formação do ser humano. Todo e qualquer saber
pode ser questionado. Significa dizer que aquele que tem o conhecimento poderá
concordar ou discordar de si abrindo possibilidade de novos conhecimentos. O
papel institucional da escola é promover o senso crítico e a busca do conhecimento
para seus freqüentadores, assim irão adquirir novos saberes nas mais diversas
áreas do conhecimento. Porém, ensinar filosofia tem que estar preparado para
estas ocasiões, às respostas não poderá ser com base no senso comum. O educando
espera sempre respostas filosóficas e de fácil entendimento, caso estas
respostas sejam simplórias poderá causar uma resistência ao conhecimento.
Deve se ter o devido
cuidado ao esclarecermos o que é filosofia, porque os educando não tem ainda
uma formação filosófica, por outro lado, não se pode dá uma resposta pronta e
acabada. Nesta circunstância poderá ocorrer a perda do princípio base da
filosofia, bem como, prejudicar toda uma cadeia de estudantes que estão em
busca de descobrir o que é filosofia. Cada professor de filosofia deve deixar
que seus alunos tenham reflexão por si só, este aluno não deverá ser
interrompido no processo filosófico, ele apenas deverá ser orientado na
organização de seu raciocínio. O filósofo pode ser professor de filosofia, mas
o professor de filosofia nem sempre é um filósofo, significa dizer que o
professor é aquele que orienta os alunos nos conceitos produzidos por
filósofos. Portanto o papel do filósofo é mais abrangente que o papel do
professor, construir um sistema defendendo uma idéia principal é algo que
requer conhecimento de si. O dono da idéia e criador de conceito seja ele qual for
não poderá disseminar isto como uma verdade absoluta. Tal conceito pode ser
questionado por outros filósofos e até mesmo por professores de filosofia,
assim aquele que ensina sua própria criação deve ser cauteloso ao transmitir
sua própria idéia. O estudante não pode ser forçado a um aprendizado de nenhuma
maneira, isto é, a atividade produtora do pensar e da idéia de cada aluno deve
ser livre de qualquer imposição.
O ensino da filosofia deve
ser uma prática constante em sala de aula, significa dizer que o professor de
filosofia deve está preparado para lidar com as mais diversas habilidades de
seus alunos. Cada estudante detém uma habilidade, ou seja, cada um se destaca
sobre uma idéia, conceito ou conhecimento. Portanto, o professor deve está
atento a transmissão ou construção de idéias, bem como, das informações de cada
aluno construindo assim uma reflexão pedagógica que dará cada vez mais motivo
para o aluno interagir com o saber filosófico. O estudante de filosofia tem o
dever de entender a idéia do filósofo e não de concordar ou discordar da idéia
sem um entendimento do que é exposto. Quanto ao professor, este tem o papel de
auxiliar o estudante nesta missão de entendimento da idéia filosófica do
pensador. O auxilio do professor é importante porque cada filósofo tem uma
linha de pensamento e o professor é o responsável pela orientação do estudante
no que se refere à explicação desta linha seguida pelo pensador, assim torna-se
mais fácil para o aluno entender a idéia do pensador se antes ele tiver uma
percepção da base do pensamento do filósofo em questão.
Os textos filosóficos são
produzidos a partir das experiências vivenciadas pelo autor, isto é, uma
produção filosófica é a soma das observações, das dúvidas, de conceitos e dos
conhecimentos. Após uma reflexão deste conjunto de experiências o filósofo
fundamenta seus pensamentos. Um grupo de estudante poderá ter esta experiência
se o professor permitir a discussão em sala de aula, isto é, a cada informação
transmitida por um aluno levará a outro uma reflexão de seus conceitos e
idéias. Assim, ocorre a troca de experiências permitindo o professor
identificar a habilidade de cada um de seus alunos. Toda via, a discussão deve
obedecer a uma coerência para não perder o foco da atividade filosófica, porque
o indivíduo é fruto daquilo que produz. Significa dizer que nas relações
sociais, políticas e familiares vão estar inseridas na maneira de expressão de
cada indivíduo. Quando o aluno pensa, analisa e reflete sobre seus atos,
saberes e ações cotidianas tem a oportunidade de mudar seus próprios conceitos
pré-formados. Assim, o estudante rompe barreiras da sala de aula, da escola e
passa a ter uma nova visão do que é produzido em sua volta no convívio social.
O professor-filósofo espera de seus educando uma postura voltada para a
história da filosofia. O educador em filosofia deve ter uma postura filosófica
e uma percepção do ato e da atividade do pensar construindo seu próprio saber.
A atividade filosófica tem
sua peculiaridade, isto é, o estudante não tem obrigação de fazer ou deixar de
fazer, ele é livre para produzir seu saber. Faz-se necessário apenas uma
consciência por parte daquele que se propôs a filosofar, assim é entendido que
produzir o ato filosófico é um exercício constante da mente.
Acredito que a Lei de
Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDBEN), foi até então o mais ousado dos
projetos para a educação brasileira. Esta lei tem a preocupação de reformular o
ensino no Brasil na busca de formar autênticos cidadãos, mesmo não tendo ficado
nos moldes que previa o autor da lei.
“... Sou um homem de
causas. Vivi sempre pregando, lutando, como um cruzado, pelas causas que
comovem. Elas são muitas, demais: a salvação dos índios, a escolarização das
crianças, a reforma, o socialismo em liberdade, a universidade necessária. Na
verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não
importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que venceram nessas batalhas.”
Darcy
Ribeiro
Sabe-se que o padrão
adotado para solucionar o problema da educação no Brasil está longe de alcançar
a necessidade básica do educando. Mas, pode-se dizer que a lei Darcy Ribeiro
(LDB), foi e é de grande valia para a implantação do ensino de filosofia e
sociologia no ensino médio e possibilitou a diversificação do aprendizado por
parte do aluno. Assim, o educando adquire capacidade de buscar o conhecimento
por si só, também estando preparado para a resolução de problema fora do
ambiente educacional. Pode-se dizer que o aluno que recebe seus ensinamentos
com base no que estabelece o padrão curricular (PENEM) de filosofia está
modificando sua vida social, profissional e política. O conhecimento para ser
construído necessita de argumentação, reflexão e resolução de problemas
filosóficos. Percebe-se que os PENEM traz inseridos em seus contextos todas as
necessidades básicas para a formação de cada estudante do sistema educacional
brasileiro. Sendo aplicado de maneira eficiente os PENEM são suficientemente
estimulantes para que o educador interaja com o educando construindo assim um
conhecimento que irá prevalecer na vida do educando.
O ensino da filosofia é um
processo constante e sem regras, isto é, o ato de ensinar filosoficamente
consiste em aprimorar a cada momento todas as formas de conhecimento. Pode-se
dizer que o ensino de filosofia é uma prática coletiva, não é algo
individualizado. Só ocorre um aprendizado se houver discussão sobre as idéias,
conceito abordado em sala de aula e em grupos de estudos. O professor tem uma
função âncora no processo de aprendizagem do aluno, ou seja, ele deve estar
preparado para assimilar as dificuldades e o desenvolvimento de cada educando.
Cada educador deve primar por situações que incentive o estudante evitando
sempre desmotivá-lo com palavras ou atitudes. Atualmente o papel do professor é
bastante interativo há sempre diálogos e debates em sala, assim o mediador das
discussões faz uma integração com os alunos que buscam o saber. Pode-se dizer
que o aprendizado começa pela troca de informações entre professores e alunos
chegando-se assim a um saber filosófico.
Percebe-se que o debate é
o caminho para o conhecimento, é nesta atividade que está intrínseco os mais
diversos saberes. Mas, o professor deverá ter o cuidado para que este tipo de
atividade não seja desviado do foco, ou seja, um debate não pode ser resumido
em uma simples troca de opinião. Sabe-se que fatos como este ocorrem com
freqüência em sala de aula, mas o professor deve está atento para interferir
quando a situação exigir. Em outra época o professor direcionava o caminho que
o discente deveria trilhar. Atualmente o docente está empenhando em outra
tarefa que é a de mediador para a criação de espaços visando mostrar a
habilidade e a competência de cada aluno.
BERTOUDO MATOS
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